Nações indígenas Nheengaíba, Mamaianá, Chapouna, entre outras, estabeleceram contatos, povoaram e sustentaram histórias e culturas da região que, a partir de 1659, depois de 20 anos de sequentes guerras com os portugueses, viveu a efetivação do Tratado de Paz, intermediado por padre Antônio Vieira, originando a aldeia Guarycuru, cujo oráculo sagrado passou a ser São Miguel Arcanjo.
Nos séculos que antecederam a conquista da Amazônia, estas nações indígenas viveram inúmeras trocas culturais entre si e com outros povos aborígines que se esparramaram pelo vasto território amazônico. Erigiram patrimônios materiais e preservaram patrimônios sensíveis, expressos em habitações, cerâmicas, urnas funerárias, construção de córregos, canais, assim como saberes e instrumentos de caça e pesca, imaginários de suas crenças, costumes e tradições, modos de ser, viver, trabalhar, festejar, sustentadas na oralidade de suas culturas e no equilíbrio cultura e natureza.
Depois da conquista da Amazônia e dos Marajós, especialmente na região de florestas, durante uma centena de anos (1659 a 1759), os filhos de Loyola, membros da Companhia de Jesus, imbuídos em imiscuir “os negros da terra”, as chamadas populações indígenas, nas orientações da catequese cristã, esforçaram-se para fazer do processo de conquista regional, um tempo de expansão da “Cruz de Cristo” entre povos ameríndios. O avanço do trabalho missionário, ao não ser recepcionado com agrado pela Coroa Portuguesa, especialmente no período de instalação do Consulado Pombalino a partir de 1750, levou a expulsão das ordens religiosas da Amazônia, transformando as aldeias missionárias de denominações, quase sempre, indígenas, em vilas de nomenclatura portuguesa.
Desse modo, a aldeia Guarycuru originou a Vila São Miguel de Melgaço em 1759, em homenagem a uma freguesia existente em Portugal, batizada de Barão de Melgaço. Apesar dessa mudança administrativa, o antigo povoado, habitado massiçamente por grupos nativos, sustentaram a tradição deixada pelos religiosos dos primeiros tempos da conquista espiritual do Marajó das Florestas, em torno do culto a São Miguel, primeiro, perene e principal padroeiro dos melgacenses.
Os tempos da Melgaço Vila (1759-1899), foram marcados por alianças e conflitos, assim como avanços e recuos. Situado entre dois importantes municípios da região de florestas, Breves e Portel, esta vila viu-se na confluência de contínuas disputas por ser detentora de importante espaço natural de riquezas patrimoniais. A chegada da República, em plenos tempos do “Ouro Negro”, a borracha, elevou os municípios brasileiros, com condições de se auto-sustentar, a intendências municipais. A partir daí, Melgaço transformou-se em Intendência Municipal e Cabeça de Comarca, gerenciando, ainda que de maneira provisória, destinos de Breves e Portel no século XIX.
Nas intensas disputas com esses municípios, Melgaço nem sempre levou a melhor. Assim, ora dominante, ora dominado, a história local inscreveu-se em incertezas históricas.
Entre 1870 a 1920, Melgaço, Breves, Portel, Anajás, Afuá, para citar os principais, tornaram-se grandes produtores e exportadores de borracha do Estado do Pará. Estas riquezas, contudo, não foram canalizadas para um desenvolvimento sólido destes municípios, transformando os equipamentos urbanos levantados, na fase áurea da extração do ouro negro, castelos de areais, que desapareceram com os ares das articulações políticas e novos refluxos econômicos vivida no Pará a partir de 1930.
Por esses termos, entre 1930 a 1960, Melgaço esteve sob a custódia de Breves, por um período de quase dois anos. Depois curtiu dolorosos e longos tempos de dominação portelense até 30 de dezembro de 1961. Nesse entremeio, moradores locais, desde a década de 1950, depois do fim do segundo ciclo da borracha (1939-1945), voltaram a povoar as terras que dão origem à cidade de Melgaço, propícia a agricultura e criatório de gado, articularam-se junto a agentes políticos e econômicos locais para lutar pela tão almejada emancipação política. Assim, em 1962 o município foi administrado interinamente enquanto preparava seu primeiro processo eleitoral. Foram prefeitos de Melgaço:
Orlando Amaral (1963-1966)
João Valentim de Amorim (1967-1970)
Francisco de Oliveira Leite (1971-1972)
Hermógenes Furtado dos Santos (1973-1976)
Alberto Felipe Barbosa (1977-1982)
Hermógenes Furtado dos Santos (1983-1988)
Carlos Taveira dos Santos (1989-1992)
Antônio Oni Nogueira de Andrade (1993-1995)
José Viana de Araújo (1995-1996)
Carlos Eduardo Barbosa da Silva (1996)
Gilberto Felipe Barbosa (1997-1998)
Cassimiro de Almeida Corrêa (1998-2000)
Ivo Lacerda Leão (Dez. 2000)
José Maria Rodrigues Viegas (2001-2004)
José Maria Rodrigues Viegas (2005-2008)
Adiel Moura de Souza (2009-2012)
Adiel Moura de Souza (2013-2016)
Prof. Dr. Agenor Sarraf Pacheco